Convidamos Thaigo Consani para apresentar as novas peças da linha Approve Canvas.O resultado foi uma história de superação e liberdade documentada na natureza.

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Mato, motocicleta, sol quente e muitos quilômetros percorridos. Foi nesse mood que encontramos no meio da estrada com @thaigoconsani, convidado de honra da Approve para apresentar a nova cápsula da linha Canvas. As belas paisagens do interior paulista serviram de pano de fundo para dar vida à história das nossas novas criações, que seguem o conceito de liberdade criativa, apreço pelos materiais e acabamentos e atemporalidade. É uma viagem de retorno às raízes. De volta ao essencial, para aquilo que realmente importa.

Entre cliques e boas conversas, o resultado dessa experiência entre amigos você confere a seguir.

Você se veste com bastante personalidade. O que a moda significa para você?

Desde pequeno sempre fui muito ligado à moda sob uma perspectiva cultural. Sempre me pegava vendo uma banda que eu gostava da época ou um filme e buscando essas referências para criar minha própria personalidade. Eu acredito na moda como uma forma de expressão artística, uma ferramenta que a gente tem para poder se conectar com outras pessoas que falam a mesma língua que a gente. Eu acredito muito mais na força da moda como forma de expressão do que como forma de comércio.

Eu não sei definir meu estilo. É uma mistura de muitas referências e de mudanças que eu vou tendo na vida. Se eu gosto de uma peça de roupa, independentemente de ela ser masculina ou feminina, eu vou usar, porque, para mim, é uma forma de me expressar.

Soubemos que rolou um acidente com você recentemente. Como vê sua vida pré e pós, algo mudou?

Sofri um acidente de moto durante a pandemia. Fui pego de surpresa. Foi um caos, mas um caos do bem, porque me ajudou a despertar um lado mais humano. Muitas vezes a gente acaba seguindo por um caminho muito mais cômodo e robótico e acaba entrando no piloto automático, esquece de pensar nas coisas que está fazendo. Esse acidente trouxe à tona que a gente pode morrer a qualquer segundo, sem aviso prévio. às vezes, idealizamos uma morte velho ou com uma doença pré existente ou dormindo e esse ideal pode não chegar. Você pode ir de de repente, sem dizer “eu te amo”, sem pedir um perdão e realizar aquilo que tanto queria por ter medo ou se deixar levar. Não me mudou completamente porque eu já sou uma pessoa muito dona de mim, se der na telha eu vou lá e faço. Mas me ajudou a cravar mais os dois pés no chão e ir sem medo em direção às coisas que eu tenho vontade.

Me pareceu que você tinha desistido do motociclismo. O que te levou a voltar a subir na moto?

Quando você sofre um acidente fica mais introspectivo e também existe uma pressão das pessoas que zelam por ti para não voltar a praticar aquilo que te causou um mal. Então, confesso que pensei em não voltar a ser motociclista. Depois que o acontecimento passa, você começa a pensar com mais calma na vida e na coisas que você realmente quer. Eu tomei a consciência de que é mais arriscado, óbvio, de que talvez você se sinta mais suscetível a sofrer algo numa moto, mas que viver é arriscado e que eu não posso abrir mão do que gosto por causa disso. É meio que desistir. Nesse momento de vida a liberdade que a moto me traz dá um tesão muito maior do que se eu tivesse largado. Eu estaria deixando um pedaço de mim. Eu acho que estar vivo e deixar de fazer o que você ama é, de certa forma, deixar morrer um pedaço seu.

Como foi estar presente neste ensaio?

Eu aceitei o convite da Approve para fazer o ensaio por dois motivos. Primeiro porque todo o conceito do ensaio fala muito a minha língua, tem o meu lifestyle e me representa. O segundo motivo é justamente por ter a moto envolvida e essa simbologia do renascimento, de poder realmente testar essa liberdade novamente. Outro fato que aconteceu além do meu acidente foi que uma semana antes do ensaio um amigo meu morreu em um acidente de jet ski. A morte sempre se mostrou muito presente, foi um pouco antes de eu fazer esse ensaio com vocês e pegar uma estrada de duas horas e meia. Então, teve muito essa relação de novo com o medo da morte, o medo da aventura, o medo da adrenalina, eu quis mostrar pra mim que o medo não pode paralisar, sabe? Eu não gosto de trabalhar com o medo, eu gosto de transformar o medo em combustível para poder seguir adiante. Foi um símbolo de renascimento, de liberdade e um dia muito especial.

Felizmente, a gente não sabe quando vai morrer e nem como vai morrer. É imprevisível e é isso que torna a vida tão preciosa. Acho que o segredo da vida é esse.

Como você se conecta espiritualmente?

Desde pequeno sempre conversei com algo superior. Eu não busco nenhuma religião específica, a minha fé é uma conversa íntima do meu interior com o meu exterior que seria o universal, uma força maior. Eu não acredito em uma razão religiosa, não acredito que uma das religiões tenha 100% de acerto e nem 100% de erro. Acredito numa força universal que tem sim um propósito envolvido por trás, mas que não é pecaminosa e ao mesmo tempo absolve.

Gosta de natureza?

Eu sou uma pessoa urbana, tenho 32 anos e vivo esses 32 anos no caos de São Paulo. Então, a natureza pra mim é, basicamente, um refúgio onde eu me conecto com um outro lado meu, o lado da paz, do equilíbrio e de algumas coisas e valores que, às vezes, se perdem na cidade. É quase que uma necessidade fisiológica, eu preciso estar conectado de tempos em tempos à natureza, senão meu corpo grita e minha mente pira.

Tem algum hábito que te ajuda a equilibrar corpo e mente?

Sou uma pessoa muito ativa e ansiosa e devido ao meu trabalho, não tenho muita rotina. A partir disso, passei a buscar alternativas para desacelerar. Uma das formas que encontrei foi me dedicar a mim na parte da manhã. Sempre que eu posso tento acordar mais devagar, tomar meu café tranquilo e faço uma meditação, um exercício físico.

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Você tem uma veia artística muito forte. O que busca mostrar ao mundo através de sua arte?

Desde pequeno gosto muito de arte, sempre fui muito voltado para isso. Sempre gostei de desenho animado, pintura, música e isso acaba se refletindo de alguma forma. Sou autodidata, então nunca fiz curso para isso. Para mim é uma troca: eu me alimento da arte do mesmo jeito que ela se alimenta de mim. Eu gosto de deixar minha expressão, minha opinião e meu sentimento naquele momento em que estou produzindo, seja através de uma música ou através de um quadro. Deixar um pouquinho de mim no mundo e absorver um pouquinho do mundo para mim.

Uma lição de vida.

Vem da minha mãe. Ela que me criou e disse para sempre manter a humildade independente do momento em que estiver na vida.

Uma frase.

A primeira é o mantra “Sat Chit Ananda”, que eu tenho tatuado no peito. É um mantra que eu vi no livro do Osho e significa “Verdade, Consciência e Plenitude”. E a outra acho que está na bíblia e diz: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”. É a definição de caráter, fala que você pode tudo, mas não é por isso que vai fazer.

Uma música e um filme que marcaram a sua vida.

A música é Hurt, interpretada pelo Johnny Cash, mas que na realidade é do Nine Inch Nails. E o filme é Bastardos Inglórios, do Tarantino.

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